O lançamento do livro Histórias de Vida e Fé, que está sendo organizado pelo pastor e historiador Dr. Martin Dreher a pedido do Sínodo Nordeste Gaúcho, será um dos pontos altos do Dia Igreja 2012, que acontece no dia 3 de junho, em Igrejinha (RS), no parque da Oktoberfest. O trabalho está sendo finalizado e o pastor Martin conta um pouco sobre a publicação.

O que representa a publicação para os membros do Sínodo Nordeste Gaúcho? E para o próprio sínodo?
P. Martin:Antes de mais nada, o livro representa a preservação da memória. A fé cristã vive da memória, do testemunho dos que foram antes de nós, começando pelas cartas de Paulo e os Evangelhos. Em nosso contexto, a vida das comunidades depende do testemunho que vem até nós desde o tempo dos apóstolos, dizendo de nossa esperança por causa de Jesus.
Esse testemunho sempre foi vivenciado e experimentado em comunidades. A IECLB é uma igreja de comunidades. Isso se nota no Sínodo Nordeste Gaúcho. O livro fala do testemunho dessas comunidades. Para o sínodo, para os/as ministros/as, para as lideranças, o livro será um guia para auxiliar na compreensão da vida das comunidades e das paróquias, a partir do seu contexto histórico. Poderá servir, inclusive, como referencial para planos de ação missionária.
Como foi o processo de contribuição das comunidades e paróquias na confecção do livro?
P. Martin:A participação das comunidades e paróquias foi decisiva. As contribuições podem ser classificadas em dois grupos. O primeiro refere-se a dados históricos. Viu-se que algumas comunidades – poucas, felizmente – perderam sua memória e nada pôde ser resgatado. Isso é muito triste. Por outro lado, comunidades têm uma memória muito viva.
O segundo grupo de contribuições para o livro abrange testemunhos de vida e fé. Aqui há muita riqueza que diz respeito à vivência comunitária, de experiências de fé. Temos muita vida em nossas comunidades e muitas experiências que merecem ser compartilhadas.
Como se deu a elaboração do livro?
P. Martin:O livro foi preparado a mais mãos, com a contribuição de membros de comunidades e de ministros e ministras. É um processo mais trabalhoso, mas o resultado é mais rico. Além disso, busquei colocar no papel o que tinha em meus arquivos sobre cada uma das comunidades, as emancipações que aconteceram, dados sobre ministros/as, lideranças.
O livro vai ter capítulos sobre a participação de luteranos/as no povoamento do Brasil e do Rio Grande do Sul, em particular na área de localização do Sínodo Nordeste Gaúcho. Também busquei acentuar que a história sempre tem "esquecimentos": é preciso lembrar dos indígenas, dos africanos e dos Mucker, três temas que nos marcaram profundamente.
Algumas considerações sobre a iniciativa de confecção do livro?
P. Martin:Só posso ver como muito positivo. Sempre é bom lembrar, de novo e de novo, que, no geral, a memória é algo que se perde rapidamente. A IECLB existe há 190 anos, através de suas comunidades. Volta e meia leio afirmações como: "Pela primeira vez a IECLB....". Os que foram antes de nós já estavam aí e souberam viver o Evangelho. Não somos nós que o estamos inventando. Uma das formas de cumprir o 4º mandamento é preservando a memória e o testemunho de nossos pais. Isso se faz através da história.
Espero – e acredito – que o livro seja contribuição para uma Igreja de Jesus Cristo viva e atuante no Nordeste do Rio Grande do Sul.
Foto: Arquivo Jorev